Depressão em Idosos

A depressão em idosos é uma doença subdiagnosticada e subtrada. Isso significa dizer que há por aí um grande número de pacientes idosos, deprimidos e sem tratamento, porque ninguém percebeu que eles possuem depressão. Ninguém.

Eu estava na adolescência quando um bom artigo sobre o tema foi publicado. O título era “Depression in Later Life: A Diagnostic and Therapeutic challenge” e pode ser traduzido como “Depressão de Início Tardio: Um Desafio Diagnóstico e Terapêutico”.

De lá para cá, pouca coisa mudou. Mesmo nos dias de hoje, diagnosticar e tratar a depressão geriátrica ainda pode ser complicado.

Fatores de risco para Depressão em Idosos

Algumas situações aumentam o risco de idosos terem um primeiro episódio depressivo. São elas:

  • viuvez
  • divórcio
  • insônia
  • isolamento social
  • dor crônica

Diagnóstico de Depressão em Idosos

Há alguns testes criados com a finalidade de rastrear a depressão. Um desses instrumentos é o Questionário Sobre a Saúde do Paciente-9 (PHQ-9) e encontra-se disponível em nosso site.

O PHQ-9 foi elaborado para avaliar depressão em adultos de todas as faixas etárias, incluindo pacientes com 60 anos ou mais. No entanto, não deve ser utilizado em idosos com problemas de memória e outros comprometimentos cognitivos.

Vários fatores podem complicar o diagnóstico nessa faixa etária. Pacientes idosos têm com frequência grande dificuldade em expressar as próprias emoções. Ao invés de manifestarem tristeza por meio de episódios de choro, podem queixar-se de dores no corpo, cansaço ou insônia. Problemas de memória também pode ser um sinal de depressão, causando confusão diagnóstica e suspeita de demência.

Testes sanguíneos, tomografia computadorizada e/ou ressonância magnética são alguns dos exames que precisam ser solicitados. Além disso, o profissional médico precisa estar habilitado para detectar e interpretar os resultados desses exames.

Tratamento da Depressão em Idosos

Muitos desses pacientes não aceitam o tratamento medicamentoso. Um estudo realizado na Pensilvânia com 68 idosos mostrou que 42 deles resistiam ao uso de remédios. Algumas das razões para a não aceitação dos antidepressivos eram:

  • Medo de que os medicamentos causassem dependência
  • Dificuldade em enxergar a depressão como uma doença
  • Experiência prévia ruim com antidepressivos

Os antidepressivos não são a única opção de tratamento atualmente disponível. Terapia, neuroestimulação, atividade física e tratamento com luz intensa são alguns dos recursos adicionais que podem ser utilizados.

É preciso identificar os componentes que alimentam o ciclo da depressão no paciente. E assim direcionar o tratamento de forma que o idoso consiga romper esse ciclo.

Por exemplo, podemos melhorar a qualidade do sono em pacientes deprimidos com dificuldade para dormir. Nos idosos com queixas de dor, oferecer uma boa analgesia pode melhorar o quadro depressivo.

Como lidar com o idoso deprimido

Procure ajuda médica especializada e exerça um papel na recuperação de um ente querido.

A boa notícia é que há por aí diversos psiquiatras especializados em psiquiatria geriátrica. Somos muitos. Gostamos de dizer que depressão não é frescura e nem coisa normal da idade.

Referências Bibliográficas

Unützer, J., & Park, M. (2012). Older adults with severe, treatment-resistant depression. JAMA308(9), 909-918.

Diagnosis and management of late-life unipolar depression. UpToDate. Waltham, Mass.: UpToDate, 2021. Retrieved on July 18, 2021, from https://www.uptodate.com/contents/diagnosis-and-management-of-late-life-unipolar-depression?search=depressao%20em%20idosos&source=search_result&selectedTitle=1~150&usage_type=default&display_rank=1#H3262478

Imagem Dra. Nadimme Caloba

Dra. Nadimme Caloba,
Psiquiatria

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